Ela ficou observando o trem partir, vendo quem ia embora e esperando por quem iria chegar.
sábado, 17 de setembro de 2011
Sentidos
Seria a tristeza saudade? Seria a falta de você?
As lembranças, caminhando na mente, desoladas. Poderia ser o tédio, transformado em desilusão. O tempo poderia, apagar os passos e os rastros. Poderia... poder... qual o poder do querer, do desejo nesta noite fria, solitária, vazia? Tristeza? Sempre tão bela.
E assim, me perco, aflita no desgosto do gosto de um corpo apagado.
E os segundos soberanos, seguem seus intentos. E escorrem, fogem, passam, Deixando-me. E em memória, eles se transfiguram, em passado, chegamos ao fim. E nos perguntamos por quê. Apenas respostas. Razões que não cabem no tamanho da angústia triste de cada um.
In black and gray nuances, there was a city in the middle of nowhere. It isn’t a common place, there was something in the air, something dense and heavy. There were no children there, it was strange actually, but people were born and became adults immediately. It was as if the childhood wasn’t important for them or they just didn’t know how this sweet and enchanted little piece of time could be so pleasant, so unforgettable.
You couldn’t see the mountains if you were on the street, you couldn’t see the field or even the horizon. It wasn’t because these things didn’t exist or because people were blind to see some special things, in fact they were, but not in this case, not in simple cases.
Come! Fast! See! You can see, you can see where they were. There they were! Hundreds and hundreds of people dressed in black clothes, people looking down at the ground, walking, marching in some kind of gloomy military discipline. Can you recognize who was a man and who was a woman? I can’t. They kept going in disillusioned steps.
So now we can follow them, come on! Walk fast, stay behind the last row of these human machines. Now look up at the sky!
The sky of that city was made of holes, actually people could just see small parts ofthe gray sky, if they looked up, what they didn’t do.
Those people didn’t wear shoes, but their feet were covered by a thin, sickening smoke of coal. They woke up in the dark, swallowed their food fast and left home to their scary procession. During all day they were drowned in the shadows. There wasn’t gleaming places or bright green oaks, there was no nature, except for the rats, the bugs and the cockroach. When the night fell down, all those miserable people without faces, hands or feet – all these parts were hired under the dirty-, left small and crooked doors made of branches and did the way back.
The street wasn’t the first floor of the city, it was the last one. People came out of the doors and started the way back, they went down, down, down under the culvert, under the rat’s houses. When people stopped going down they were already close enough to hell. They lay in their beds and covered themselves with an old and soiled blanket, but their feet of coal stayed out of the bed.
In the next morning, everything was exactly the same of the day before and the after. People there never asked themselves why they lived like that, who they worked for or why the lived inside the ground. They never went up with their head up, looking up. They always looked at the ground, to the small dirty gloomy kind of life.
Why did they do things that way? I don’t know, they didn’t know either. But I know something, I was there once and my heart cries of fear of going there again. When I was there I followed those people and I looked up, you saw that too. You saw the sky and you saw the monsters which pierced that soft gray wrap. You saw the skyscrapers, you saw them stretching themselves over every single empty space. You saw. You realized, as I did, that they were alive, they could and they did control everything there, everybody.
The skyscrapers did their slaves, their slaves feed their machines and they grow, they kept growing with energy of the lives they stole. And that was the destiny of the city, of the skyscrapers and of those who lived to feed the ambitions of the greatest.
Peguei um dicionário de idéias afins, era preciso fazer conexões de idéias perdidas no espaço infinito de minha alma. Foi um presente sábio esse, talvez não fosse esse o motivo de o ter ganho, porém foi o uso mais bem feito.
Uma noite, uma angústia, a busca por respostas que não pareciam perto, a busca por um alívio, por entendimento. E na confusão dos sentidos e dos sentimentos aparece a lógica escondida por de trás de nossas preocupações. E lá veio ela, morna, confortável, acalentadora, lá veio ela, a paz. Tudo o que eu precisava era descobrir que busco o movimento em minha quietude, que busco a permanência na ausência e na mudança, que busco a transformação do que é eterno e imutável. Que busco o ilusório que por si só é belo e mágico. A pequena felicidade, a tranqüilidade, o repouso e a dança de meu coração.
E a noite seguiu e pude descansar em paz, ciente de mim, ciente das idéias e das confusões que corriam sobre a minha cabeça.
Os velhos demônios estão de volta, chegaram ao cair da noite fria e escura, sem aviso, sem fazer barulho. Os olhos piscaram e ao voltar ao seu estado normal lá estavam eles, entrando afoitos no salão.
As lembranças dançaram entre as mesas e cadeiras e repousaram no colo daqueles que os conheciam. Os demônios continuam seu caminho, sem pausa, sem descanso e ao chegarem ao fim do salão, decidiram ficar. Esta decisão pesou como uma lâmina fria no coração daqueles que podiam ver as bestas.
Os fantasmas que habitam o local se entreolharam em desconfiança, sabiam que eram mais bem vindos entre aquelas paredes. As pessoas cientes tomaram em apenas um gole seco o resto do vinho em suas taças. E mal tiveram tempo de respirar quando perceberam que já estavam presas na conversa envolvente daqueles novos convidados. Com vozes macias e relatos interessantes sobre o resto do mundo, eles receberam convites para sentar, beber e comer.
Os antigos fantasmas recolheram suas experiências e memórias e deixaram o salão, não para sempre, eles sabiam que iriam voltar. Enquanto isso a festa dos demônios continuava, com uma música que ecoava pelas paredes, atingia a alma e controlava o espírito dos que ali estavam presentes. Eram bonitos e dançavam magnificamente. Um deles com um vestido vermelho rodopiava pela sala, amparado por outro de fraque branco, elegantes e majestosos. Sedutores...
As pessoas hipnotizadas observavam a cena, não agiam, não pensavam, não sentiam nada além do que viam, do que os demônios mostravam. Elas perderam suas individualidades, suas almas...
E a festa durou, o dia chegou e foi embora várias vezes. Os pratos ficaram vazios e voltaram a encher e diversas luas passaram por aquelas terras até que o vinho adquiriu um gosto amargo, não matava mais a sede dos insaciáveis demônios que ainda sugavam a carcaça das pessoas em busca de energia, vida, porém esta já era uma fonte estérea. Ávidos, sedentos, eles partiram, deixando destroços, corpos, vazio.
E muito tempo foi necessário para que do nada e de almas vazias fossem reconstruídas imagens pálidas de vida. E mais tempo ainda foi preciso para que as pessoas se reconhecessem e para que o vinho recobrasse o seu primeiro gosto, para que os sentidos retornassem, para que o desejo e a paixão aparecessem, primeiro em formas tímidas, depois em formas avassaladoras.
O tempo, porém também é cruel. E na medida em que passou e não encontrou as suas expectativas satisfeitas, minou as formas devastadoras da vontade, da vida. A amargura foi, então a primeira a encontrar o seu espaço. Lá estava de volta, o primeiro fantasma. A solidão chegou em seguida e as almas daquelas pessoas foram finalmente enterradas pela desesperança e lá permaneceram com os olhos fixos no tempo que não passava.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Bons tempos eram aqueles em que se ainda morria de tristeza,
de coração partido por algum amor
ou de saudade.
Hoje nada parece importar muito.
E as pessoas morrem do coração por terem comido gordura demais durante a vida.
Enquanto a chuva cai fininha do outro lado da janela e o mundo se move devagar, apenas alguns percebem que a vida está em suspensão.
E o vento nada pode lhes contar sobre os segredos do universo,
nem as estrelas atingem mais as suas almas.
Não escutam mais.
Não podem ser mais,
não sentem.
Perderam o pulso, as cores e as paixões.
Perderam a vida na ausência da morte,
perderam por fim a existência.
E como agora proceder para sair do vazio e se configurarem na experiência e no tempo?
Eles não sabem,
Eles não querem ser.
domingo, 17 de maio de 2009
Uma boa conversa durante horas de solidão de uma noite, Uma poesia recebida, Uma beleza compartilhada, Um sentimento, um pedaço do mundo, Um agradecimento resta apenas, Obrigada.
The snow man
One must have a mind of winter To regard the frost and the boughs Of the pine-trees crusted with snow;
And have been cold a long time To behold the junipers shagged with ice, The spruces rough in the distant glitter
Of the January sun; and not to think Of any misery in the sound of the wind, In the sound of a few leaves,
Which is the sound of the land Full of the same wind That is blowing in the same bare place For the listener, who listens in the snow, And, nothing himself, beholds Nothing that is not there and the nothing that is. Wallace Stevens
This story starts with the sound of a crack of bones, into a mixture of flesh, blood and gold, it could be heard the whispering of life leaving the moisted spiracles with the sweat of an unlived life. The sound danced in the air and with soft restings, it arrived in everyone’s ear bringing the certainty of hope. While the eyes were closed and minds were traveling though peaceful places and hidden courage, just for a moment, just for a second, people there met their souls again. But the wind is hard and can’t let it’s way behind. It came and went away carrying with it that moment from those whose heart was weak. Breaking the inertia of the scene, the light of the sun illuminated all the street and those frozen wax dolls returned from that dream. Right after faces gained expressions of horror, mercy, pain and guilt. The body was still there… In the middle of the room, on the floor, on that destroyed bus, it was lain such a young body maculated by iron laminas and glass, cuts made blood come out and bring color to that brunet skin, contaminating the atmosphere with the smell of death, which carried the taste of life away with it. Pieces of fabric, dirty with red wine and golden dust, covered the fresh and the strength of that tender women, but her eyes were wide open and even though without movement it was bright and showed all the wishes for love, freedom, passion and art. Watching that image, some people there just could not understand that the accident wasn’t an unfair and cruel occurrence. It was the crack of a moment, the crack of a situation, the crack of an old spirit. One crack that does not break or destroy, one crack that makes it be reborn and makes souls free. Based in Frida Kahlo’s life.